Quem convive com cachorro sabe, e sente no corpo, que eles não são “só animais". Eles sentem, sofrem, se alegram, sonham - e entendem a gente melhor que muita gente. Com isso em mente, pode surgir uma pergunta no coração de quem ama esses peludos: cachorro tem alma? O que existe para além do corpo e do instinto? Essa pergunta leva a outras:
- E afinal, o que é alma? É diferente de espírito?
- Animal tem alma, ou somente os humanos?
- O que as religiões dizem sobre a alma dos animais?
- O que a ciência diz sobre a alma dos animais?
- Se cachorro tiver alma, o que acontece com ela quando o cão morre?
Afinal, o que há por trás do olhar canino profundo? Essa dúvida mistura sentimento e curiosidade, e leva a gente por uma caminhada de diferentes visões: ciência, religião e a convivência diária com estes seres tão especiais. Nosso desejo é que, ao fim deste post, seu coração esteja cheio de (ainda mais) amor por nossos amigos de quatro patas. Vamos lá?
O que é alma?
O termo vem do latim “animu/anima” significa “sopro", ”ar”, “princípio vital” ou “vida”. Em sânscrito, atman significa “ser", “vida” ou “criatura”. Em muitas culturas a alma é considerada a essência, a força vital, aquilo que dá vida.
Ainda que inicialmente integrado ao corpo, vida e literalmente a respiração, ao longo do tempo o termo foi envolto em conceitos mais abstratos como a essência espiritual ou imaterial do ser humano, algo que pode sobreviver ao corpo físico após sua morte, e possivelmente a fonte de sua individualidade, emoções, consciência. E será que os animais também tem essa “essência"?
O que as religiões dizem sobre a alma dos animais?

Espiritismo
O espiritismo acredita que os animais possuem um “princípio espiritual", ou seja, estão em evolução constante, cada um no seu tempo: crescendo, aprendendo, sentindo. Chico Xavier dizia que os cachorros têm alma, sim! E, inclusive, que ela muitas vezes permanece com a gente mesmo depois dos peludos partirem.
Catolicismo e a Bíblia
A religião Católica sempre focou na alma humana, ainda que muitos de seus representantes trouxessem a conexão com os animais como algo possível e importante. O próprio São Francisco de Assis via a natureza como uma manifestação de Deus, afirmava que toda vida era interconectada, e nomeava os animais de “irmãos" e “irmãs” - criaturas de Deus como nós humanos. Mais recentemente, o Papa Francisco falou: “o paraíso está aberto a todas as criaturas de Deus", dando uma pista de visões do que pode acontecer com a alma dos nossos amados peludos. Para muitos tutores, essa foi uma das frases mais delicadas e lindas ditas por um Papa.
Ainda que não sejam o centro das atenções das escrituras Bíblicas, os animais são citados como criaturas de Deus, e inclusive há trechos que se referem à sua "alma vivente” (em hebraico nefresh).
Umbanda
Na Umbanda, a natureza é sagrada, e os animais são parte integrante dela. São considerados espíritos puros, com ligação especial com o plano espiritual. Sua presença na experiência humana é vista como oportunidade de aprendizado e evolução conjunta. Muitas vezes considera-se que são enviados para ensinar, proteger, guiar e até curar.
Budismo
Ainda que não exista a ideia de uma “alma” individual e permanente (como em outras religiões e filosofias), no budismo os animais são considerados seres com sentimento e consciência e capacidade de reencarnar, e que, assim como os humanos, possuem natureza búdica e podem alcançar a iluminação. O budismo compreende que a natureza da vida é interconectada, e que no processo de iluminação pode-se renascer em diferentes formas. Essa perspectiva promove uma postura de respeito e compaixão por todos os seres.
Islamismo
Muçulmanos (seguidores do Isã) acreditam que animais possuem alma, ou essência espiritual, ainda que seja diferente da humana pois não possuem exatamente a mesma capacidade de livre arbítrio ou raciocínio. O Alcorão afirma que todas as criaturas louvam a Deus, cada um em sua linguagem. Por isso é importante tratar os animais com compaixão e respeito, e nos responsabilizando pelo bem-estar destes seres que, como nós, são parte da criação divina.
Quando um cachorro morre, pra onde vai a alma dele?
Muitas pessoas relatam sentir a presença do pet após a morte. Na visão espiritualista, a alma dos cães continua sua jornada em um plano sutil - onde seguem aprendendo e até acompanhando seus tutores por algum tempo.
A Bíblia não fala diretamente sobre o destino destas almas, mas enfatiza que toda criação é obra de Deus. Nos versículos que falam da “redenção da criação”, onde tudo será restaurado, os animais estão inclusos.
Cachorro tem alma ou espírito?
A distinção entre alma e espírito varia de acordo com a crença. Em algumas tradições a alma é o que se sente e vive, a força vital; enquanto o espírito é eterno e parte de algo maior. Como vimos nas perspectivas de diferentes religiões, muitos acreditam que o cão é um espírito em evolução - puro, amoroso e sincero.
Como o cachorro se sente?

Cachorro com 30 dias: como eles enxergam o mundo?
Com cerca de 30 dias, o filhote está apenas começando a explorar. Sua visão ainda está se ajustando, e ele depende muito do olfato e do toque. Tudo é novo — o mundo é percebido de forma instintiva e sensorial.
Cachorro de 3 meses: entenda como eles pensam
Aos 3 meses, não muito diferente de um humano, o cãozinho começa a mostrar sua personalidade. Ele reconhece seu tutor, outros animais em volta, seu ambiente, aprende regras e começa a desenvolver vínculos emocionais. Já demonstra preferência, medo e até ciúmes.
Cachorro com 6 meses: conhecendo mais a personalidade
Com 6 meses, o cachorro entra na adolescência. Seu comportamento é mais definido, e suas emoções ficam mais intensas. É nessa fase que percebemos traços únicos de personalidade: mais brincalhão, carente, protetor ou independente.
Cachorro adulto: em constante transformação
A idade não é um estanque para o comportamento de um cão, já que eles podem permanecer brincalhões e espevitados até idosos, ou serem jovens tranquilos. Sua personalidade pode ficar cada vez mais acentuada com o tempo, ou podem aprender novos traços nas relações com outros seres vivos e espaços. Costuma acontecer que com o tempo (idade) e com exercício e estímulo (interação com o mundo) a intensidade da adolescência vai se modificando, sem que o peludo perca a sensibilidade ou a vitalidade.
E o que a ciência diz sobre a alma dos cães?

A ciência não fala de alma nos mesmos termos da religião ou a filosofia, mas se aproxima nos termos dos sinais elétricos, neurologia, produções hormonais, comportamento e evidências corporais que observa nos animais enquanto vivem e interagem entre sí, com outras espécies e com a gente.
Através destas métricas e observações a ciência consegue mostrar a presença de: cognição, consciência emocional, capacidade de aprendizado. Observa empatia, amor, emoções complexas, relações de confiança, sonhos e imaginação, memória, criatividade, conexões afetivas, inteligência e conexão. A ciência sabe que cães reconhecem vozes, gestos, nossos sinais mais sutis, nossas emoções, se conectam com outras espécies, e produzem hormônio do amor ao ver seus humanos. E isso não é pouca coisa.
A ciência ainda não consegue explicar tudo, mas já admite que há muito mais profundidade na existência de um cão do que imaginávamos alguns anos atrás.
E no fim, cachorro tem alma?
Não existe uma única resposta para essa pergunta.
Por aqui, pensamos que se considerarmos que a alma é o sopro de vida, essência que nos interconecta e permite nossa experiência na vida, evolução e iluminação - e que esse algo de alguma forma permanece após a morte - vemos evidências de que há mais no cão do que um corpo orgânico.
Ver um cão que contempla a natureza, que suspira, que olha no fundo dos nossos olhos, sorri, compreende o tempo da vida e da morte, compreende relações sem usar palavras. Ficamos pensando: como pode não ter alma?
Observando aqueles que nos acompanham, se alegram com a gente, sofrem com a gente, modificam nossas existências: nossa aposta é que existe algo profundo, poderoso, belo e vital no cão - e o nome disso pode ser alma. O que você acha?
