O que muda com a chegada de um pet?

O que muda com a chegada de um pet?

Está considerando a possibilidade de trazer (mais) um integrante peludo na dinâmica familiar, ou conhece alguém que está nesse momento? Isso é maravilhoso! Há muitos cães e gatos precisando de amor neste mundo, e sabemos como o convívio com animais pode ajudar também na saúde física e mental de humanos. Mas é importante considerar que a vida muda, ainda que seja um pouco, com a chegada de um novo integrante. Seja o primeiro, segundo ou terceiro. Que tal falarmos de alguns desses pontos para que a escolha seja informada e o processo seja tranquilo? Então vem cá:

A rotina diária

Com cuidados e adaptação adequada, qualquer pet pode compor na rotina pré-existente de uma casa, mas a rotina tende a mudar em algum grau: 
  • Horários: podem haver ajustes, negociações e processos de adaptação na hora de dormir, acordar e alimentar-se na casa, de acordo com as personalidades e necessidades específicas do peludo e dos membros humanos da casa.
  • Alimentação: impacta especialmente caso você ofereça comida em horários específicos. Mas mesmo quando a comida fica à disposição, também é necessário criar uma rotina de limpar a tigela e repor a ração. No caso dos gatos, a ração úmida ajuda na ingestão de água e pode ser oferecida de forma recorrente de acordo com a recomendação do veterinário.
  • Passeios: No caso dos cães, mesmo com quintal, é importante ter uma atividade física e social como o passeio, que permita que sinta os cheiros da vizinhança, reduza a ansiedade e esteja em forma. E essa necessidade, ainda que adaptável, independe do nosso humor, disposição, o clima e as demandas de trabalho e planos de lazer.
  • Higiene: Veterinários recomendam escovação dental diária, e muitos cães se beneficiam de escovação da pelagem também. Patinhas e região dos olhos podem precisar de higiene diária, dependendo da raça. 
  • Xixi e cocô: essa aqui será breve, caso tenha um Weasy. Entra somente um par de descargas diárias. Mas caso use algum outro método como tapetes higiênicos, pode somar de 20 a 30min de limpeza diária.
Tudo isso toma algum tempo, e precisa entrar na rotina de forma sustentável, para que nenhum hábito seja abandonado ou seja motivo de stress para o animal ou o humano.
Neto, tutor dos pugs Chico e Theo, contou pra gente um pouco sobre essa mudança:
Mudei totalmente minha rotina desde que eles vieram. Tudo muda. E chega uma hora que você esquece como era antes. Todo dia tem passeio no bairro, brincadeira de bolinha e corrida - especialmente com o mais novo, que é mais energético. Aos finais de semana vamos ao parque socializar os peludos com outros cães. O maior desafio é você tentar estar sempre por inteiro quando está com eles. No fim são poucas horas por dia que passamos acordados juntos e precisamos estar conectados.”

As relações

Aqui estamos falando das relações entre humanos e bichos, bichos e bichos, e humanos e humanos. A entrada de um novo integrante pode mudar algumas dinâmicas, especialmente se não fazemos adaptação e se não estamos atentos aos sinais:
  • Mais um pet: É essencial fazer uma boa adaptação para a chegada de animais, especialmente quando já há algum pet na casa. Animais são territoriais, podem ficar ansiosos, ficar amuados ou agressivos - e não adianta tentar "apartar” as brigas como se fossem crianças, ou deixar "que se resolvam" sozinho. É preciso um manejo especial. Se precisar de ajuda, consulte um especialista em socialização.
  • Pet único: Não são raros os casos de cães que se apegam a um dos tutores e ficam superprotetores, ficando agressivos com outros humanos -  rosnando para beijos e abraços, latindo para quem se aproxima, e inclusive prejudicando o casal de tutores. Quando é um cão pequeno pode parecer fofo e carinhoso, mas é um comportamento que gera muito stress pro animal e desgasta o relacionamento humano. Por isso é é importante evitar provocar o bichinho se identificar essa reatividade, e procurar ajuda de um treinador ou treinadora profissional para correção desse comportamento.
  • Pets e filhos: Muitas pessoas se preocupam com a chegada de um bebê em uma casa com um pet, acreditando que pode haver ou "ciúmes" por parte do peludo ou negligência por parte do humano adulto, mas não precisa ser assim! Outros podem acreditar que é um amor automático, espontâneo. Mas na prática, o manejo adequado desde a gravidez ou chegada de uma criança, com respeito e acompanhamento, pode abrir portas para uma amizade belíssima e duradoura. 
 
 Rafael já foi lar temporário para gatos, e hoje é tutor de gatos e pai de uma menina:
 “Sendo tutor de pet aprendi a ter paciência, cuidar da alimentação, saúde, higiene, ter tolerância com a bagunça e a destruição dos filhotes menores. Quando a minha filha nasceu eu estava mais preparado para cuidar deles e dela, e logo chegou a hora de ensinar ela a cuidar e respeitar os gatinhos: no começo era muito Felícia, e queria esmagar todos. Mas com tempo aprendeu, e ainda continua aprendendo muito com eles.”

As despesas

As despesas básicas não precisam ser altas, mas é essencial lembrar que há despesas esporádicas para que não te peguem de "surpresa", como produtos especiais em caso de alergia ou sensibilidade, e eventuais treinos de comportamento. E importante: cada animal é um animal, mesmo se compartilhar a mesma ração, banheiro e caminha, não podemos considerar que teremos a mesma despesa mensal que teríamos com um quando são dois bichos.
  • Alimentação: ração seca de qualidade ou alimentação natural equilibrada e petiscos de boa qualidade, para uma vida longa e sadia. Pesquise bem os valores, o perfil nutricional, e considere uma assinatura de pacotes maiores para ter desconto e reduzir a carga mental da compra frequente.
  • Saúde: ainda filhote temos castração e esquema vacinal completo, e na vida adulta ao menos uma consulta anual para vacinas e check-up, pasta de dente para escovação, e prevenção contra parasitas (anti pulga, anti carrapato, vermífugo) de acordo com a recomendação médica. Importante lembrar dos gastos menos planejados, como profilaxia nos dentes (que precisa de anestesia geral, e portanto tem um custo mais alto), e eventuais consultas para investigar sintomas, acompanhados de exames de imagem e sangue. 
  • Xixi e cocô: caso tenha um Weasy, é um investimento só. Mas quem usa métodos descartáveis tem um gasto mensal fixo, proporcional à quantidade de animais, por toda a vida deles.
  • Moradia: instalação de rede de proteção, portões para escadas ou restrição de acesso a cômodos, instalação de prateleiras para gatos ou outras inserções no espaço para maior segurança de todos, conforto e melhor qualidade de vida dos animais.
Fernanda, 45, é tutora de um pequeno bichon
“Eu tinha medo de cachorros, mas quando conheci meu Fifi apaixonei. Foi tudo muito tranquilo, fui aprendemos, mas levei alguns sustos... Por exemplo, não sabia que eles precisavam escovar o dente sempre, né? Aí ele ficava com um bafinho, e eu achava normal… meu marido também. Na consulta a doutora falou que ele estava com muito tártaro, gengivite, e que era perigoso ter uma infecção. Menina, que susto! Bom, ele fez limpeza (profilaxia) e deu tudo certo - mas não sabia que era caro assim. Se soubesse tinha escovado o dentinho dele todo dia desde antes hahaha. Agora já aprendemos, e ele adora a pasta de dente enzimática que a dentista indicou. Virou mais um tipo de carinho.”
Ou seja, sim, a vida muda, mas isso pode ser maravilhoso! É importante conversarmos sobre isso, pois muitas ONGs sofrem com a taxa de devolução de quem adota um animal e espera uma adaptação imediata ou um objeto decorativo que não tenha necessidades físicas ou emocionais. Quando consideramos incorporar mais um integrante no nosso lar, podemos nos informar e nos manter atentos para escutar as necessidades de cada situação. Caso precisemos, podemos contar com apoio de profissionais e pessoas de confiança. O amor que uma relação assim proporciona muito mais que qualquer adaptação ou investimento <3